O Tempo se preparava para passar,
majestoso, como sempre acontecia. Sabia que muitos esperavam
ansiosos a sua passagem e isto o envaidecia muito. Ele desfilava garboso, com
todas as expectativas que sabia que iria causar. Nesse momento, a Imaginação
surgia em toda a sua formosura. Nunca era tão solicitada, em outras épocas do
ano, como agora, quando o ano acabava por findar. A Promessa então surgia nessa
hora e vinha cobrar tantas outras promessas que haviam sido feitas e
abandonadas ao longo do caminho. A Imaginação também se cobrava, pois sempre
imaginava muito mais do que podia cumprir. E o Tempo era implacável, cada vez
que passava. Todos não queriam vê-lo passar? Ele chegava todos os anos e trazia
consigo 365 bons motivos para que as promessas não deixassem de serem
cumpridas e mesmo assim, sempre havia alguém que dizia que não tivera tempo,
pois o Tempo passava tão depressa, que era impossível fazê-lo parar...
Soavam então as doze badaladas da meia-noite e as janelas da vida se abriam
para ver o Tempo passar e mais uma vez, mais promessas eram feitas, muitas
delas incapazes de serem cumpridas. Então a Imaginação também adormecia, e
ficava na esperança de que a Promessa viesse então acordá-la, quando o Tempo
passasse novamente na janela e tudo recomeçasse novamente...
Débora Benvenuti
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