Quando
minha irmã estava por nascer, meus pais me levaram para ficar uns dias na
fazenda dos meus avós. O objetivo era me manter longe de casa para que eu não
desse trabalho para a minha mãe, já que a chegada de um bebê modificaria a
rotina em casa. Na hora dos meus pais virem embora, eu comecei a chorar e disse
que não queria ficar. Então minha tia Izabel apareceu com um enorme pote de
doces e me disse que me daria se eu quisesse ficar. Naquelas alturas, eu queria
as duas coisas: voltar para casa e levar o pote de doces comigo. O problema é
que eu teria que escolher. Então peguei o pote de doces e saí correndo para
embarcar no caminhão do meu pai. Minha tia correu atrás e me disse: pode ficar
com o pote, mas não pode levar embora. Isto significava que se eu quisesse o
pote, teria que ficar. Que escolha difícil para uma menininha de menos de cinco
anos. Mas não tive escolha: devolvi o pote de doces e voltei para casa, mas não
vi minha irmã nascer. Naquela época as crianças mal sabiam de onde saiam os
bebês. A única coisa de que eu me lembro é que de repente entrei no quarto da
minha mãe e lá estava ela com a minha irmã no colo. Fiquei feliz com a chegada
da minha irmã, mas um pouco decepcionada por ter perdido aquele belo pote de
doces. Naquela hora entendi que às vezes é preciso fazer escolhas e eu aprendi
isso ainda muito pequena.
Débora Benvenuti
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