A Saudade estava sentindo-se muito só. Queria entender o que estava acontecendo, mas por mais que se esforçasse, sabia que estava faltando alguma coisa em sua vida. Se ao menos pudesse saber o que a fazia sentir-se tão desanimada, com certeza, ficaria mais feliz. Essa sensação de vazio que a acometia era insuportável. E muitas vezes sentia-se assim. Lembrava-se vagamente de alguns momentos como esse e sabia que precisava encontrar um motivo para continuar em busca de algo que a fizesse se sentir melhor. E foi com esses pensamentos que se viu caminhando em um lindo parque florido, ao cair da tarde. O ar ainda era quente e a brisa que soprava naquele momento em nada mudava o estado de ânimo da Saudade. Mais adiante, ela avistou um banco embaixo de uma árvore e ali foi se sentar para apreciar o findar do dia. Os pássaros procuravam os seus ninhos e o riso das crianças a correr despreocupadas e livres fizeram-na se sentir melhor. Estava tão distraída que mal notara a presença de alguém ao seu lado. O Amor chegou devagarzinho e percebendo a distração da Saudade, esperou que ela notasse a sua presença. Como a Saudade estava tão calada, o Amor resolveu chamar a sua atenção. Falou da sensação maravilhosa de estar em um parque florido, as crianças a brincar distraídas e como era bom ter alguém com quem partilhar esses momentos de rara beleza. A Saudade lembrou-se então de outros momentos felizes iguais a esse e que já haviam ficados esquecidos em sua memória e o quanto ela gostaria de vivê-los novamente. O Amor, por sua vez, disse que muitas vezes as pessoas não percebiam a sua presença e ficavam se apegando às lembranças do passado e esqueciam de viver o momento presente. Estavam tão distraídos que mal perceberam quando a primeira estrela despontou no céu. Era hora de cada um voltar para casa. A Saudade resolveu que era hora de encontrar um amor de verdade e o Amor prometeu à Saudade que estaria sempre por perto, bastava que ela olhasse ao seu redor e o veria no sorriso de uma criança, na borboleta que aspirava o perfume suave de uma flor ao cair da tarde e no passo apressado das pessoas voltando para casa depois de mais um dia árduo de trabalho.
Débora Benvenuti
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