Cada
vez que observo os cílios enormes do meu neto, me lembro dos cílios do meu
primo Tadmor, que eram enormes também. Certa vez,estava na casa da minha tia,
mãe do Tadmor e resolvemos ir ao centro. Pegamos um ônibus e desembarcamos no
centro da cidade. Minha tia segurava o Tadmor pelo braço, pois era uma criança
pequena. Ele relutava em caminhar e dizia para a mãe dele: Estou cego,estou
cego. Ao que a minha tia respondia:
-Deixa
de besteira, Tad, anda depressa.
-
Não consigo, respondia o Tad. Estou cego, estou cego. Nessas alturas, minha tia
já começava a se irritar, pensando que o Tad estava de brincadeira. Então parou
por um momento e disse:
-
Deixa eu ver,Tad. Abre os olhos.
-Não
consigo, mãe. Estou cego. Estou cego.
Minha
tia insistia e continuava a dizer para o Tad: Abre os olhos,abre os olhos. Foi
então que percebeu que os enormes cílios do Tadmor haviam encaixado na parte debaixo
do olho dele. Minha tia então, com muita paciência foi retirando os cílios e
finalmente ele conseguiu abrir os olhos e dizia sem parar:
-
Não estou mais cego, não estou mais cego!
Débora
Benvenuti
Comentários
Postar um comentário